O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, invalidou todas as provas da Lava Jato obtidas nos acordos de leniência da Odebrecht.
Nesta terça-feira, 6, Toffoli confirmou que as provas obtidas pelos sistemas Drousys e My Web Day B estão anuladas.
Essas provas e informações foram fundamentais para as ações das mais de 70 fases da Operação Lava Jato.
Além disso, elas foram obtidas em um acordo de leniência entre o Ministério Público Federal e a Odebrecht, firmado em 2016 e homologado por Sérgio Moro em 2017.
Toffoli relembrou que já há decisão da Suprema Corte sobre as provas não poderem ser utilizadas porque sua obtenção se deve contaminação do material que tramitou perante o juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba.
A decisão anunciada por Toffoli atende a um pedido da defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que busca acesso aos conteúdos.
Com a anulação, os documentos não podem mais ser usados em ações criminais, eleitorais, cíveis ou de improbidade administrativa.
Na decisão, Toffoli dá dez dias para que a Polícia Federal “apresente o conteúdo integral das mensagens apreendidas na Operação Spoofing” que sejam sobre diálogos entre procuradores da Lava Jato e o Sérgio Moro, ex-juiz e atual senador.
Além disso, no documento, ele cita que a constatação de que “houve conluio entre a acusação e o magistrado” é estarrecedora.
Toffoli também determina que a Advocacia Geral da União (AGU) apure a conduta dos agentes públicos envolvidos na Lava Jato “urgentemente”, diante da “gravidade da situação”.
Ainda nesta terça-feira, a AGU já informou que irá cumprir a ordem e que pode cobrar dos agentes públicos “após a devida apuração”.
Toffoli considera a prisão de Lula um ‘erro histórico’
Na decisão, Toffoli comenta que “já seria possível, simplesmente, concluir que a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia ser chamada de dos maiores erros judiciários da história do país”.
O ministro afirmou que o caso contra Lula foi uma espécie de origem para os ataques à democracia e instituições brasileiras.
Toffoli declarou que a prisão foi uma “armação” parte de um “projeto de poder” de determinados agentes públicos.
Por fim, o ministro conclui que houve uma “verdadeira conspiração” para prender um inocente.
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Lava Jato e Lula
Lula, então ex-presidente, por decisão do ex-juiz Sergio Moro, foi preso em 7 de abril de 2018, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em 8 de novembro de 2019, Lula foi solto após o STF derrubar a prisão em segunda instância.
As condenações contra Lula foram anuladas em 2021 pela Segunda Turma do STF.
Na ocasião, os ministros decidiram, por oito votos a três, que a 13ª Vara de Curitiba não era competente para julgar o caso.
Além disso, eles também decidiram que Moro foi parcial em sua avaliação do caso contra Lula.
Assim, Lula se tornou ficha limpa e pôde se candidatar às eleições de 2022.
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