Dois estudos recentes publicados na revista Nature revelam avanços emocionantes.
Cientistas americanos estão na vanguarda de uma revolução tecnológica que poderia transformar a vida de milhares de pessoas que perderam a capacidade de falar devido a condições médicas como a esclerose lateral amiotrófica (ELA), derrames ou paralisia. Dois estudos recentes publicados na revista Nature revelam avanços emocionantes no campo da tradução de sinais cerebrais em palavras em tempo real.
Uma das protagonistas desses avanços é Pat Bennett, de 68 anos, diagnosticada com ELA em 2012. Antes da doença, Pat era ativa, montava a cavalo e corria diariamente. No entanto, a ELA afetou suas habilidades motoras, tirando-lhe a capacidade de falar. Mas a ciência veio em seu auxílio.
Pat se submeteu a uma cirurgia em que quatro sensores do tamanho de pílulas foram implantados em áreas específicas de seu cérebro responsáveis pela fala. Quando seu cérebro envia comandos para os músculos da boca e da mandíbula, um algoritmo decodifica essas informações, transformando-as em palavras exibidas em uma tela. Em apenas quatro meses de treinamento, Pat conseguiu transmitir seus pensamentos a uma velocidade impressionante de 62 palavras por minuto, com uma precisão notável.
Frank Willett, coautor do estudo e membro da Universidade de Stanford, enfatizou que o sistema é capaz de traduzir com precisão três em cada quatro palavras, tornando-o uma ferramenta altamente eficaz para a comunicação de pacientes não verbais. Willett também expressou a esperança de que essa tecnologia possa ajudar as pessoas a permanecerem conectadas com o mundo, manter relacionamentos e até continuar a trabalhar.
“O sistema é treinado para saber quais palavras devem vir antes das outras e os fonemas usados em cada uma delas”, disse Frank Willett.
Outro estudo da Universidade da Califórnia em San Francisco trouxe esperança para aqueles que perderam a capacidade de fala devido a derrames. Ann Johnson, uma paciente que enfrentou uma paralisia severa após um derrame, pôde se comunicar por meio de um avatar digital que não apenas reproduziu suas palavras, mas também suas expressões faciais.
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O processo envolveu mais de 250 eletrodos implantados no cérebro de Ann, juntamente com um algoritmo que recriou sua voz a partir de gravações de suas falas anteriores. A taxa de fala atingida foi de aproximadamente 80 palavras por minuto, com poucos erros.
Os pesquisadores estão agora trabalhando em versões sem fio desses implantes, e o objetivo é permitir que os pacientes conversem em tempo real por meio de avatares digitais que transmitam não apenas palavras, mas também tom, inflexão e emoções. Sean Metzger, um dos desenvolvedores dessa tecnologia, enfatiza que ela tem o potencial de restaurar a comunicação normal para aqueles que perderam essa capacidade, oferecendo uma nova esperança para uma vida plena e conectada.
“A tecnologia tem potencial para, dentro de algum tempo, seja possível que os pacientes conversem normalmente praticamente em tempo real”, afirmou Sean Metzger.
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