O padrasto da criança mantinha ela e os irmãos em cárcere privado.
Antes de mais nada, relembramos que no dia 14 de abril, Luna Bonett Gonçalves, de 11 anos, chegou já sem vida ao Hospital OASE, localizado em Timbó. À primeira vista, a criança morreu ainda a caminho do hospital.
De acordo com as informações, a perícia apontou que a vítima já estava morta há cerca de quatro horas quando os responsáveis chamaram os bombeiros.
Posteriormente, tanto a mãe quanto o padrasto foram encaminhados à delegacia da Polícia Civil pois a criança estava com hematomas por todo o corpo e com sangramento na genitália. Logo depois, ambos foram liberados pois alegaram que Luna havia caído da escada.
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Mas, em seguida, a perícia encontrou indícios de que a criança havia sido na verdade morta. Por conta disso, a mãe e o padrasto foram chamados para depor novamente.
Por fim, a mulher assumiu ter assassinado Luna e assim, o casal foi preso temporariamente. Em conclusão, o inquérito aponta que quem espancou a jovem até o óbito foi o homem e não ela.
A MENINA LUNA
Áudios da criança foram divulgados nos últimos dias. Neles, a menina conta sobre sua cor predileta, seu personagem de desenho favorito, porém, infelizmente, a realidade por trás da voz inocente era outra.
Após ter passado dois meses da sua morte, a conclusão do inquérito acabou preenchendo lacunas nas quais não tinham respostas.
O Portal ND+ e a equipe do Tribuna do Povo conversaram com o pai biológico, identificado como Sidival Gonçalves, de 62 anos e a tia da criança, identificada como Giovana Gonçalves, de 48 anos. Os dois quebraram o silêncio e revelaram alguns áudios da menina, do padrasto e da mãe.
Sidival contou que sempre que a menina entrava na casa já ia logo pedindo por um beijo e querendo tomar café. O mesmo relata que até hoje não consegue entender o que levou alguém a ser tão cruel.
“É uma dor que não tem como tirar. É um ódio tão grande que infelizmente eu vou levar para o caixão junto comigo. Não consigo entender uma pessoa agredir uma criança daquela forma”, diz Sidival, sem conseguir conter a emoção.
CONFIRA OS ÁUDIOS DA MENINA LUNA:
Durante a fala, o pai afirmou acreditar que o padrasto tenha cometido as atrocidades sozinho, pois segundo ele, a mãe de Luna não tem forças o suficiente para deixar todos os ferimentos presentes na menina.
De acordo com as informações, os familiares contaram que já haviam solicitado a guarda da criança, mas a mãe além de não permitir, também pedia para que eles se afastassem. Logo depois da mãe ter casado novamente, o pai de Luna foi proibido de ver a filha e segundo relatos, a última vez que ambos tiveram contato, foi no aniversário de 10 anos da criança.
Infelizmente, Sidival não sabia nem onde a filha morava e muito menos onde a mesma estudava. A mãe e o padrasto também haviam tirado o celular da menina, fazendo com que todos perdessem 100% do contato com a mesma. Confira o áudio da mãe:
Em um dos áudios divulgados, Giovana se emociona ao lembrar dos áudios que trocou com Luna antes da mãe afastá-las.
TRANCADA DENTRO DE CASA
Na última sexta-feira (10), com a finalização do inquérito, a Polícia Civil descobriu que tanto Luna quanto os outros irmãos eram mantidos em cárcere privado pelo padrasto. Segundo informações, o padrasto também não gostava da presença de pessoas conhecidas, como por exemplo no dia que um dos irmãos da mulher foi até a casa do casal. Confira o áudio:
O delegado da investigação, André Beckmann, já ouviu cerca de 25 testemunhas, porém, segundo ele, duas delas apareceram na semana que antecedeu o conclusão do inquérito. Essas duas pessoas foram bem importantes, pois colocam o padrasto na cena do crime pelas agressões que levaram a criança ao óbito.
Nesse ínterim, a mãe e o padrasto foram indiciados pelos crimes de feminicídio, estupro de vulnerável e tortura.
Na sexta-feira (11), a prisão preventiva temporária que estava em vigor e mantinha os dois presos foi substituída. Agora, com o inquérito em mãos, o Ministério Público decidirá se acata ou não a denúncia contra os dois.
Por fim, infelizmente a família irá para sempre viver com um vazio. A esperança é que o casal seja condenado e pague pelo o que fez.
“Que eles fiquem um bom tempo lá, porque a justiça de Deus a gente não sabe, mas que eles fiquem um bom tempo lá, até para a sociedade ficar livre desse tipo de gente”, concluiu o pai da criança.
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