As medidas incluem instalação de reservatórios, novas redes e adutoras para reforço de abastecimento, novos poços, além de linhas de crédito, sendo que mais de 74,1 mil famílias serão atendidas.
O Governo do Estado está investindo R$ 243,5 milhões em ações de planejamento hídrico contra os efeitos da estiagem em Santa Catarina. As medidas incluem instalação de reservatórios, implantação de novas redes e adutoras para reforço de abastecimento, em especial de áreas periféricas ou rurais, a perfuração de novos poços, além de linhas de crédito e fomento para auxiliar agricultores a enfrentar o período. Mais de 74,1 mil famílias de produtores rurais e 76 municípios serão atendidos pelas ações.
“Estamos atentos e com nossas equipes mobilizadas para acompanhar a estiagem que afeta principalmente os municípios do Grande Oeste catarinense. Nosso plano é investir R$ 1,7 bilhão justamente para ampliar a infraestrutura hídrica e preservar mananciais, o que irá tornar o Estado mais resiliente a períodos de baixo volume de chuvas. Os investimentos vão ajudar as famílias mais carentes e os produtores rurais a enfrentar esses momentos e construir um planejamento hídrico para o futuro”, afirmou o governador Carlos Moisés.
A estiagem se iniciou há um ano, mas a chuva extremamente escassa em abril de 2021 contribuiu para agravar a crise hídrica. Os acumulados foram baixos na maior parte do Estado e não chegaram a 50 milímetros (mm) nas regiões do Extremo Oeste, Oeste, Meio-Oeste, Planaltos, Alto e Médio Vale do Itajaí. Na região de Concórdia, por exemplo, a chuva não atingiu 100 mm no último mês. No Litoral e áreas próximas os volumes de chuva foram mais elevados, tendo alguns municípios registrado até 150 mm.
Em função da estiagem, 34% dos municípios catarinenses estão em estado de atenção, 3% em situação de alerta e 5% em nível crítico em relação ao abastecimento urbano.
Crédito para poço artesiano
Na Linha Rodeio do Herval, no interior de Chapecó, o produtor rural José Carlos Araújo mantém 82 vacas leiteiras e 31 hectares de plantação de milho para silagem. A produção diária ultrapassa os 2 mil litros de leite. Para isso, no entanto, são necessários cerca de 10 mil litros de água por dia. Araújo começou a sentir os efeitos da estiagem há cerca de dois anos.
Em um primeiro momento, abriu uma segunda fonte de água para os animais, porém não foi o suficiente. Decidiu, então, buscar o apoio da Epagri para fazer o projeto de um poço artesiano em sua propriedade. Quando estiver totalmente operacional, o poço será capaz de fornecer até dois mil litros por hora, acima da necessidade atual.
O investimento para cavar o poço foi de R$ 60 mil, realizado por meio de um financiamento. O apoio do Governo do Estado se deu pelo pagamento dos juros da operação financeira. Segundo Araújo, a preocupação com a estiagem cresce entre os agricultores da região Oeste. Por conta disso, ele exalta as ações do Estado para enfrentamento da crise hídrica.
“Esse suporte é muito importante. É uma necessidade que nós, produtores rurais, temos, de contar com o Governo Estado. Sem água e sem o subsídio estadual, a nossa produção se torna inviável, ainda mais com o aumento dos custos que estamos vivendo. Nosso objetivo é seguir produzindo, pois quem trabalha no campo tem isso no sangue. Foi pensando nisso que fizemos esse investimento, com a ajuda do Governo do Estado”, ressalta Araújo.
Apoio a mais de 74 mil famílias de produtores
Apenas a Secretaria de Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural projeta R$ 214,8 milhões em investimentos para atender os produtores rurais de Santa Catarina em 2021. Entre os programas de apoio, há linhas de crédito especiais para construção de sistemas de captação, armazenagem e distribuição de água.
Com o Água para Todos, os produtores têm acesso a financiamentos sem juros para construção de sistemas de captação, armazenamento, tratamento e distribuição de água, com a finalidade de dessedentação humana e animal e irrigação. Os investimentos podem ser individuais, em um limite de R$ 40 mil por família, ou coletivos, de até R$ 200 mil, com cinco anos de prazo para pagar. As famílias em situação de vulnerabilidade social e renda terão condições especiais.
A Secretaria da Agricultura possui ainda outra linha de crédito sem juros para apoiar as ações de isolamento e recuperação de mata ciliar, proteção e recuperação de nascentes, terraceamento e cobertura de solo. O Cultivando Água e Protegendo o Solo traz financiamentos de até R$ 15 mil, com cinco anos de prazo para pagar e cada parcela quitada em dia terá um desconto de 30%.
Para buscar um volume maior de recursos, os produtores rurais podem recorrer ainda ao Investe Agro SC. Nele, a Secretaria da Agricultura oferece a subvenção aos juros de financiamentos contratados com agentes bancários, em um limite de até R$ 100 mil, com oito anos de prazo para pagar e subvenção de juros de até 2,5% ao ano.
Já a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) está investindo R$ 25,9 milhões na construção de redes, adutoras, ampliação de captações de água, transposição de rios e açudes, perfuração de poços profundos, contratação de caminhões-pipas e na aquisição de equipamentos. As ações, boa parte delas emergenciais, contemplam 19 municípios do Oeste e São Joaquim, na Serra.
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De acordo com a Defesa Civil, cerca de 43 municípios já encaminharam decretação de emergência em função da estiagem. O órgão também repassa reservatórios e entrega kits de transporte de água limpa para 76 municípios, com investimentos que somam de R$ 2,8 milhões. Esses equipamentos permitiram o transporte e o armazenamento de 9 milhões litros de água nas regiões mais atingidas.
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