Operação ‘Pavo Real’ visa “desmantelar financeiramente” um grupo acusado de tráfico internacional de drogas
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira, 27 de agosto, com o apoio do Departamento Penitenciário Nacional e da Receita Federal, a Operação Pavo Real, para ‘desmantelar financeiramente’ uma organização criminosa dedicada à lavagem e ocultação de bens e valores do tráfico internacional de drogas.
Agentes cumprem 21 mandados de prisão – 16 preventivas e cinco temporárias – e 67 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e em Rondônia, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina. As ordens foram expedidas pela 3ª Vara da Justiça Federal em Rondônia, que ainda converteu as prisões temporárias de outros cinco investigados em domiciliar, em razão de suas idades e por possuírem filhos menores.
Segundo a PF, a ação visa prender os líderes da organização criminosa e sequestrar os bens do grupo, tendo a Justiça Federal determinado o bloqueio de mais de R$ 302 milhões das contas de 96 investigados, entre pessoas físicas e jurídicas, além da suspensão da atividade comercial de 22 empresas utilizadas pela quadrilha para movimentar os valores ilícitos.
O juízo da 3ª Vara de Rondônia ainda determinou o sequestro 17 veículos de luxo avaliados em mais de R$ 100 mil – alcançando, somados um valor aproximado de R$ 2,3 milhões. Também foi ordenado o sequestro de todos os veículos em nome ou em uso pelos investigados.
Cerca de 50 imóveis também são alvo de sequestro e, segundo a PF, os mesmos são avaliados em mais de R$ 50 milhões. Além deles, dezenas de outros imóveis registrados em nome de membros da organização criminosa também são alvos das medidas judiciais.
Segundo a PF, as investigações tiveram início em fevereiro de 2019 para identificar a ocultação de bens e a movimentação de valores por um dos internos da Penitenciária Federal de Porto Velho (RO), com ‘vasto histórico criminal e condenações pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e posse ilegal de arma de fogo’. Trata-se de Jarvis Gimenes Pavão, apontado pela PF como um dos cinco maiores traficantes do Brasil.
A Polícia Federal então identificou uma organização criminosa voltada para a ocultação do patrimônio obtido com o tráfico internacional de drogas. O grupo é composto, em grande parte, pelos familiares do interno, incluindo a esposa, mãe, padrasto, filhos, genros, irmãos e sobrinhos. Todos tiveram prisões decretadas, diz a corporação.
“Agentes Federais de Execução Penal apreenderam, na cela do interno, na Penitenciária de Porto Velho/RO, bilhetes redigidos de próprio punho, o que foi posteriormente confirmado por perícia grafotécnica, contendo anotações de diversos imóveis identificados apenas por siglas e codinomes, tanto no Brasil quanto no exterior”, afirmou a PF em nota.
De acordo com a corporação, com a liderança exercida pelo interno e seu filho, os investigados se associaram para controlar o tráfico internacional de drogas na fronteira entre o Mato Grosso do Sul e o Paraguai, em uma verdadeira ‘guerra’ contra facções e organizações rivais.
Em junho de 2019, a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da operação, fazendo buscas em imóveis de alto padrão, alugados pelos familiares do interno em Porto Velho. Na ocasião, os agentes apreenderam armas, munições e diversos documentos e equipamentos eletrônicos que reforçaram os indícios do esquema de lavagem. Os criminosos passaram a residir nos imóveis em questão com o intuito de facilitar as visitas à Penitenciária Federal, diz a corporação.
A PF informou que o nome da operação faz referência ao codinome do interno, sendo mundialmente conhecido pelo seu envolvimento com o tráfico internacional de drogas e armas’. Ele ficou preso durante anos no Paraguai até ser expulso para o Brasil, em 2017, quando passou a cumprir sua pena em presídios federais.
Fonte: Jornal de Brasília | Estadão Conteúdo
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