Comissão responsabilizou 14 pessoas, entre elas o governador, pelas supostas irregularidades na compra dos 200 respiradores
No fim da noite de terça-feira, 18 de agosto, os nove deputados integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) sobre a compra de 200 respiradores por R$ 33 milhões com dispensa de licitação aprovaram o relatório final por unanimidade. A comissão apontou a responsabilidade de 14 pessoas, entre elas o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) com o pedido para analisar um novo processo de impeachment. Também foram apresentadas recomendações para evitar licitações e compras com possíveis fraudes.
Há outro processo de impeachment contra governador e a vice na Alesc, aberto em 30 de julho, com conclusão dos trabalhos em até 180 dias. O pedido foi feito pelo defensor público Ralf Zimmer Junior, que acusou o governador, a vice e o secretário de crime de responsabilidade ao dar reajuste salarial aos procuradores do Estado.
Uma decisão em 14 de agosto do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu uma liminar da defesa de Moisés no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), que interrompeu o processo. Com a determinação do STF, os trabalhos estão sendo retomados no legislativo estadual. Outros seis pedidos também já foram feitos na Assembleia, sendo quatro já arquivados.
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A reunião da CPI iniciou por volta das 17h e terminou às 23h20. Além do governador, um grupo de nove pessoas foi responsabilizado na esfera criminal e outras quatro, na administrativa. O documento será encaminhado para o Ministério Público Estadual (MPSC), Tribunal de Justiça (TJSC), Tribunal de Contas do Estado (TCE), Presidência da Assembleia Legislativa, Secretaria de Estado da Administração, além da Procuradoria-Geral da República (PGR), por envolver a figura do governador do Estado.
Conclusões do relatório final da CPI
No relatório aprovado, os parlamentares dizem que o processo de compra teve diversas irregularidades e que houve omissão e ineficiência por parte do governador em relação à compra com pagamento adiantado.
Em nota, a defesa do governador informou que lamenta “o desvirtuamento dos fatos e das provas constantes do relatório aprovado” e que faltam fundamentos no documento que tem objetivo de “enfraquecer o Governo do Estado perante a opinião pública”.
Segundo a comissão, há inúmeras irregularidades, negligências e fraudes em todo o processo de compra dos 200 respiradores.
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O deputado relator da CPI, Ivan Naatz, destacou que a conclusão dos deputados foi pelo despreparo dos servidores públicos. Segundo ele, não houve cuidado para se evitar danos aos cofres públicos na compra dos respiradores.
Ele também destacou a demora do executivo estadual para agir. Segundo ele, foram cerca de 30 dias para que o governo tentasse reverter a situação.
Recomendações
Os deputados ainda apresentaram recomendações para melhorar a fiscalização e evitar possíveis fraudes em compras e licitações. Entre as sugestões está o fortalecimento da Controladoria-Geral do Estado (CGE) e também da Secretaria Executiva de Integridade e Governança (SIG), que para os deputados foi “inoperante” no caso da compra dos respiradores.
Eles apontam a importância de servidores efetivos ocuparem cargos estratégicos e de melhorias no Sistema de Gerenciamento de Processos Eletrônicos (SGPE) do governo estadual.
Integram a CPI os deputados: Sargento Lima, que atua como presidente, o vice-presidente Valdir Cobalchini (MDB) e o relator Ivan Naatz (PL), além dos membros Moacir Sopelsa (MDB), Felipe Estevão (PSL), João Amin (PP), Milton Hobus (PSD), Marcos Vieira (PSDB) e Fabiano da Luz (PT).
Fonte: G1 SC e NSC TV
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