Marlon Soares morreu após bater veículo contra poste, mas coronavírus surgiu na declaração de óbito como causa secundária da morte
O governo do Estado vai retirar o nome de Marlon Soares, 27 anos, da lista de óbitos por coronavírus em Santa Catarina. A morte dele levantou discussão nas redes sociais, já que, apesar de ter sido vítima de um acidente de trânsito em Blumenau, a Covid-19 aparece como uma das causas do óbito.
Marlon teve politraumatismo ao bater o carro contra um poste no domingo (12) e foi levado em estado grave ao Hospital Santa Isabel. A esposa dele, Bianca da Silva, morreu no local e a filha de apenas dois meses horas depois, na unidade de saúde. Eles estavam a caminho do Hospital Santo Antônio porque Bianca sentia uma forte dor de cabeça.
Após quase uma semana de internação, o homem faleceu no último sábado (18) e entrou para a estatística de óbitos por Covid-19 do governo do Estado nesta quarta-feira (22). A doença foi considerada causa secundária da morte, pois ele testou positivo para o coronavírus.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) explicou nesta sexta-feira (24) que “a gerência de Saúde de Blumenau comunicou a SES que o referido óbito tratava-se de um caso por causa externa (acidente de trânsito). Desta forma, o registro será retirado do banco de óbitos por Covid-19”. A atualização no sistema estadual deve ocorrer neste sábado (25).
No texto, a SES ressalta a importância do preenchimento correto da declaração de óbito, para que “inconsistências não ocorram”. No entanto, não revela se houve erro no documento que informa a morte de Marlon.
Por que a Covid-19 estava na declaração de óbito?
Conforme o diretor técnico do Hospital Santa Isabel, Marcos Sandrini de Toni, a Vigilância Epidemiológica do município foi informada de que a causa da morte não era o coronavírus. Marlon morava em Gaspar e por isso coube à Secretaria da Saúde da cidade informar o óbito à SES. O teste foi feito em Marlon conforme protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde, detalha o diretor. A rotina é a mesma para todos os pacientes que têm morte encefálica, como ocorreu com Marlon.
Quando isso acontece, um exame é feito para que se defina se os órgãos podem ser doados, caso a família e as condições da pessoa (como idade e outras doenças) permitam. A análise aponta se a pessoa possuía Covid-19, algo que impossibilita a doação e exige outro procedimento: o de alertar, através da declaração de óbito, todos que terão contato com o corpo.
— Esse corpo é potencial difusor do vírus, até o velório é diferente por conta disso. Mesmo que a causa não tenha sido de Covid-19, precisamos colocar no atestado a informação para proteger outras pessoas de possíveis contágios. Não é para enganar ninguém — esclareceu o médico.
Quando o coronavírus é a causa principal da morte, a informação deve estar na primeira parte da declaração. Se é algo secundário, a palavra Covid-19 deve ficar mais abaixo, na “parte II” do formulário. Assim, a confirmação de mais um contaminado entra para os dados do Estado, mas o óbito é descartado da lista oficial. De acordo com a família de Marlon, o documento deixa claro que o acidente tirou a vida do homem.
Por nota, a Vigilância em Saúde de Gaspar disse que como o coronavírus estava na certidão de óbito, “considera-se que existe a possibilidade do fato dele estar com Covid-19 ter influenciado de alguma forma no agravamento da situação de saúde. Pelo protocolo, como estava na Declaração de Óbito, Gaspar é obrigada a incluir o caso no boletim da Covid-19”.
Fonte: nsctotal
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