Em uma semana, nove casas foram interditadas pela Defesa Civil no Campeche devido ao risco de avanço da maré
Há quase duas décadas, o paranaense Décio Urbano Filho comprou uma casa na praia do Campeche, em Florianópolis. Ela foi dividia em duas: de um lado ficavam as dependências para receber turistas durante a temporada. Já no outro lado ficava o lar onde ia com dois filhos e dois netos aproveitar a praia no verão.
Dono de um restaurante na região, ele também utilizava a casa quando precisava administrar diretamente o estabelecimento. Entretanto, ao chegar no local na manhã desta terça-feira, 02 de Junho, constatou que a ressaca do mar destruiu toda a construção.
Ao saber do avanço do mar na região, Décio primeiro foi ao local na manhã desta segunda-feira (1°), que já estava interditado. Ao chegar na casa, percebeu que o mar tinha tomado o barranco que divide a praia do terreno, que tem por volta de 900m² e que fica próximo a rua Jardim dos Eucaliptos.
A destruição da residência construída há 40 anos pela força da natureza ocorreu na madrugada desta terça-feira (2). “Agora o terreno tem por volta 400m². Cerca de 500m² foram destruídos pela água” conta o empresário.
A destruição das duas construções foi “total”. Com exceção de parte de um banheiro e uma cozinha que compunham a casa, toda a construção foi levada pela água, afirma Alexandre João Vieira, gerente de operações e assistência da Defesa Civil de Florianópolis.
Vieira esteve no local na manhã desta terça. Além da casa de Décio, os moradores da casa ao lado tiveram que deixar o imóvel. Ela foi interditada pelas equipes da Defesa Civil pois dividia uma parede com a casa de Décio, e o órgão avaliou que os moradores corriam risco ficando lá.
Nove casas interditadas em uma semana
O problema de Urbano tem sido enfrentando por outros moradores da região, que também construíram suas casas na beira da praia e não contavam com o avança do mar. Desde o último dia 25 de maio a Defesa Civil tem monitorado diariamente a região.
Apenas na noite da última quarta-feira (27), quatro casas foram interditadas devido aos perigos na estrutura física . Dentre elas, estava um hostel. Na manhã desta quarta-feira, o número de casas interditadas na praia do Campeche chegou a nove – todas elas em apenas uma semana.
Até então, todas as construções permanecem interditadas. A casa de Décio foi a única até então totalmente condenada pelas equipes da Defesa Civil. Até agora, os moradores tem ficado na casa de outros familiares. A Prefeitura de Florianópolis também disponibilizou abrigo.
Moradores reivindicam construção de barreira
O plano do Décio agora é reconstruir a casa no terreno ainda não tomado pela água. Mas defende que a Prefeitura tome ações mais efetivas “Construíram paliçada [barreira de madeira], mas não dava conta. Eles deviam construir uma barreira de pedra, com passarela, para conter o avanço do mar” afirma Urbano.
Há duas semanas, já foi mostrado que a construção de um enrocamento, nome dado para a barreira de rochas, já é reivindicação ampla dos moradores do entorno da rua Jardim dos Eucaliptos.
A Amoje (Associação dos Moradores do Jardim Eucaliptos) solicitou um estudo em 2016 sobre o avanço do mar no bairro. A empresa contratada MinasHidroGeo concluiu que, se nada for feito, mar pode avançar 100 metros em 42 anos.
O enrocamento seria “feito utilizando-se blocos de rocha granítica ou Diabásica não alterada de tamanho variando de 1 a 3 toneladas a fragmentos menores utilizados entre os blocos como preenchimento” detalha o estudo.
Fonte: ND Mais
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