Após confirmação do primeiro caso na cidade, a preocupação é que indígenas sejam contaminados
Com a confirmação do primeiro caso de coronavírus em José Boiteux, indígenas se reuniram na quarta-feira, dia 27, por mais de nove horas para discutir formas de evitar a contaminação nas aldeias e até a possibilidade de um grande número de mortes. Uma das decisões tomadas no encontro foi o fechamento total da Terra Indígena Laklãnõ por sete dias.
A indígena Ana Patté, comenta que desde o início da pandemia eles já haviam instalado barreiras sanitárias para impedir a entrada de pessoas de outras cidades nas aldeias, mas a partir de agora, a fiscalização nos cinco pontos será ainda mais rigorosa, já que o primeiro caso de Covid foi confirmado na cidade e a doença tem uma alta taxa de contágio.
Ela acredita ainda que os indígenas tem a imunidade mais baixa, por isso a letalidade seria maior caso a doença chegasse aos povos indígenas da região. “Ficamos muito preocupados e o pedido é que a partir de agora ninguém vá para a cidade a não ser em necessidades extremas, pedimos que não saiam nem mesmo para ir a farmácia ou ao supermercado porque sabemos da vulnerabilidade dos povos indígenas”, disse.
O assessor do cacique presidente e membro do Conselho Distrital da Saúde Indígena, Geomar Covi Crendô, ressalta que pessoas só vão sair ou entrar na terra indígena nos próximos sete dias em casos extremos como por motivos de saúde. “Também decidimos que a equipe de saúde vai permanecer dentro da Terra Indígena. Antes o encaminhamento de consultas era feito através do polo base em José Boiteux e a partir de agora todos os profissionais vão trabalhar com a comunidade indígena aqui dentro, sejam médicos ou dentistas por exemplo”, ressalta.
A reunião contou com a presença de quase 200 pessoas e começou às 9h da manhã e se estendeu até às 18h. Participaram caciques de todas as aldeias, o juiz da aldeia, lideranças e comunidade.
“Já estamos vendo casos de outros povos indígenas sofrendo com a doença e do quanto isso tem se agravado e se espalhado e aqui não seria diferente até pelo fato da convivência. Os indígenas não tem condições de ter um isolamento como o dos brancos, vivem geralmente cinco ou mais em uma casa então o isolamento é muito difícil”, completa Ana.
Já o assessor do cacique revela que outras reuniões serão agendadas para discutir assuntos que não puderam ser definidos no primeiro encontro. Um deles é justamente como fazer o isolamento se um indígena for contaminado.
Fonte: Diário Alto Vale | Por Helena Marquardt
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