Luiz Henrique Mandetta, afirmou que Santa Catarina vai estar em “uma situação muito difícil” daqui a duas semanas por causa do aumento de casos do novo coronavírus no Estado
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que Santa Catarina vai estar em “uma situação muito difícil” daqui a duas semanas por causa do aumento de casos do novo coronavírus no Estado.
A afirmação foi dada em entrevista à emissora CNN Brasil na manhã desta quinta-feira, 07 de Maio. O ex-ministro comentava a necessidade de políticas diferentes para os Estados de acordo com a situação de avanço do vírus.
– O que está acontecendo, por exemplo, em Santa Catarina hoje. É hora de Santa Catarina se debruçar sobre seus números, sobre a análise de sua sociedade, porque daqui a duas semanas vai ser Santa Catarina que vai estar em uma situação muito difícil – afirmou Mandetta.
O ex-ministro também manifestou preocupação maior durante junho e julho nos Estados do sul por causa do período de inverno e criticou a flexibilização no isolamento registrada em todo o país, que segundo ele tem relação com o número maior de casos no Brasil.
– Como flexibilizamos e começamos a socializar cada vez mais, e algumas sociedades nem mesmo no começo de abril, quando foi pedido, não fizeram (o distanciamento), continuaram suas rotinas, elas estão pagando o preço – afirmou Mandetta, que foi demitido do Ministério da Saúde em 16 de abril após divergências públicas com Bolsonaro sobre a necessidade de isolamento social.
Epidemiologista da UFSC reforça existência de risco
O epidemiologista da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Fabrício Menegon, confirma que o alerta do ex-ministro coincide com uma preocupação existente no Estado por causa do salto nos números na última semana.
O número de casos confirmados em SC passou de 2.394 para 3.082 entre a quinta-feira da última semana (30) e esta quinta-feira (7). Já o número de mortes saltou de 48 para 63 nessa
Segundo Menegon, o discurso do governo para manter as atividades econômicas em funcionamento está pautado no fato de que taxa de ocupação das UTIs está baixa. Mas um aumento de casos muito elevado teria forte tendência de pressionar esse sistema de saúde.
– Essa análise sobre o risco é muito limitada porque ter uma taxa baixa hoje não quer dizer que ela vai ficar baixa, não revela capacidade do sistema de saúde de se manter assim. Vide o que acontece em Estados em que já existe forte pressão sobre o sistema. A ocupação de leitos se elevou muito rápido quando o número de casos começou a subir. Pensar a gravidade da epidemia no Estado só olhando taxa de ocupação das UTIs é um equívoco – aponta.
Para o professor, o alerta feito pelo ex-ministro Mandetta deve ser levado em consideração.
– Existe um risco de pressão forte do sistema de saúde sim. Se o número de casos continuar aumentando da forma como aumentou esta semana, existe risco real. E não só de pressão em leitos de UTI, mas na atenção básica, UPAs, emergências, e aí tem todo um sistema saturado – afirma.
“Normalidade é aparente e pode mudar”, defende especialista
Para o epidemiologista, para reverter isso a primeira medida deveria ser repensar com critério a manutenção da atividade econômica – ou pelo menos a abertura de comércios e shopping centers.
– O problema é o recado que isso passa para o cidadão, de que se está vivendo uma normalidade. A gente vem insistindo que não há normalidade, ela é aparente e pode mudar rapidamente – afirma.
O especialista reconhece que o fechamento de estabelecimentos não é benéfico para a economia, mas defende que a situação não seja vista de forma maniqueísta, como uma escolha entre saúde ou economia, e sim que as duas áreas estão interligadas.
– Quando houve a reabertura de serviços, a fala do governador foi de que, conforme os dados se manifestarem, ele poderia voltar atrás. É hora de o governo considerar fortemente a possibilidade de voltar. Senão pode haver um cenário perverso. Se for no ritmo desta última semana, por mais duas semanas, a pressão vai ser muito forte no sistema.
Governo alega que projeções seguem as mesmas
Em entrevista coletiva na quarta-feira (6), o governador Carlos Moisés negou uma atribuída ao Ministério da Saúde de que Santa Catarina poderia ser um novo epicentro do coronavírus no país. Ele disse que houve uma “confusão” com números colocados no sistema porque o Estado teria juntado mais plataformas e incorporado um número maior de confirmações porque mais exames e resultados chegaram à rede estadual. O governador também argumentou que a ocupação de leitos de UTI seguia em 17,27% em SC.
– Nossa curva continua idêntica à que já existia, não houve picos. Quando inserimos esses (novos) dados, inserimos ao longo do período em que foram surgindo. Isso fez nossa curva continuar. Temos casos colocados no sistema agora que são de fevereiro. O que houve foi uma dificuldade na comunicação, nossas projeções continuam as mesmas – assegurou o governador.
Fonte: NSC
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