O Estado espera receber mais 600 testes até sexta-feira, dia 3, e mais 4,8 mil na próxima semana.
Santa Catarina tem ao menos mil casos suspeitos de coronavírus aguardando resultado dos testes, informou o governador Carlos Moisés (PSL) em entrevista ao Jornal do Almoço nesta quinta-feira, 2 de abril. Segundo ele, já foram feitas 2,9 mil coletas, emitidos 1,8 mil resultados e aproximadamente 1,1 mil pessoas aguardam confirmação. Além disso, afirmou que o estado está se estruturando para implantar hospitais de campanha.
Na quarta-feira, em coletiva, foram confirmados 247 casos e o governo admitiu que há subnotificação, considerando que o estado tem enfrentado problemas de falta de kits para exames. Na entrevista desta tarde, ele reafirmou que não é possível estimar quantos casos tem em Santa Catarina, visto que os testes estão sendo aplicados apenas em pacientes com quadro de saúde considerado grave.
” Fica difícil de estimar. […] Nós imaginamos que tenhamos, de fato, menos casos de grande massa já contaminados do que o restante do Brasil. Isso nós vamos ver, isso vai se revelar agora nos [próximos] 7, 14 dias, no máximo”, afirmou Moisés.
Moisés afirmou que o fato de Santa Catarina ter seguido as “indicações técnica da comunidade mundial” e adotado o isolamento social assim que o primeiro caso de transmissão comunitária foi identificado, para poder reduzir os impactos da doença no estado, principalmente em relação aos casos mais graves.
Duas mortes já foram registradas em decorrência da Covid-19, sendo dois homens idosos. O estado, que está em situação de emergência, prorrogou a quarentena até 7 de abril. Pessoas que tiveram contato com elas foram afastadas de suas atividades, mesmo sem sintomas, por precaução.
Tempo e procedimento dos testes
O Estado espera receber mais 600 testes até sexta-feira, dia 3, e mais 4,8 mil na próxima semana. Santa Catarina chegou a ficar sem kits de testagem de coronavírus e recebeu na quarta-feira 192 testes para detecção do coronavírus por parte do Ministério da Saúde, segundo Secretaria de Estado da Saúde. Outros 16,6 mil kits de testes rápidos devem ser encaminhados para utilização com os profissionais da saúde e segurança.
Com a demora da emissão de resultados, há profissionais que foram afastados até que haja confirmação do diagnóstico. Em alguns casos, as confirmações estão levando pelo menos uma semana. Moisés diz que o Estado tem procurado maneiras e outras possibilidade para tentar antecipar os resultados.
“Nós estamos com alternativas com testes de outras máquinas, como, por exemplo, para teste de HIV, que nós temos em várias localidades do estado, estamos fazendo uma transformação dessas máquinas e seus insumos para poder utilizar em testes também para Covid-19”, contou.
Segundo o governador, a justificativa da demora estaria, além da alta demanda, na dificuldade que o Estado encontra em relação a restrições em cada modalidade de testes para poder afirmar com precisão se o resultado foi positivo ou negativo. Segundo ele, os testes rápidos também possuem limitações nos resultados.
“[Em relação ao] tempo de contágio, muitas vezes, na secreção nasal ou oral, já não existe mais vestígios de ter tido contato com o vírus, a secreção pode ser localizada e identificada em outras partes do corpo”, explicou.
Hospitais de Campanha
O Estado deve implantar mais unidade de terapia intensiva em Santa Catarina, totalizando mais de 700 leitos. Segundo o governador, o Estado tem condições de montar hospital de campanha com 100 leitos de UTI em 20 dias, caso seja necessário. Uma reunião para tratar sobre o assunto foi realizada na noite de quarta.
“Normalmente hospital de campanha é para média e baixa complexidade, é enfermaria, mas nós também temos essa modalidade. A empresa que faz por exemplo a tenda, onde se monta os hospitais de campanha, é catarinense e tudo isso facilita. Esse grupo que trabalha com a montagem do hospital de campanha já tem o contato de fornecedores e tem reservado, por exemplo, respiradores, que é o nosso grande desafio com os insumos. Enfim em 20 dias monta um hospital de campanha”, afirmou.
Ainda conforme ele, a prioridade é montá-los próximo a hospitais já existentes. “Preferimos instalar próximo de uma unidade hospitalar porque nós temos uma logística ali, como o recolhimento do lixo hospitalar, a questão do oxigênio, do ar pressurizado, de toda a logística fixa que já tem embutida numa estrutura hospitalar que você possa compartilhar. Geradores de energia elétrica, gás, tudo isso você pode compartilhar com uma unidade de hospital de campanha”, detalhou Carlos Moisés.
De acordo com o governador, estruturas como a Arena Petry e o aeroporto Hercílio Luz, entre outras, foram disponibilizadas ao Governo do Estado para abrigar hospitais de campanha.
Moisés contou que também tem conversado com fornecedores de ventiladores hospitalares, considerado por ele um dos grandes desafios enfrentados para compor esse tipo de unidade de saúde emergencial.
“Se nós quisermos hoje montar 2 mil vagas, por exemplo, de hospital de UTI [Unidade de Terapia Intensiva], o impedimento maior, principalmente, não é montar o hospital de campanha, é RH, é material humano, pessoas para trabalhar e também ventiladores”, afirmou.
Empresas de Santa Catarina estão se dispondo a mudar a linha de produção para atender a essa demanda. Moisés contou que um empresário garantiu a ele ter condições de entregar 500 unidades de ventiladores para o estado em aproximadamente um mês e meio.
“O Governo do Estado tem sinalizado que tem interesse na prioridade, inclusive da aquisição desse equipamento”, completou.
Economia
O governador diz que seve vetar o projeto aprovado na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) para prorrogação de Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS), votado na terça-feira, dia 31.
“Apesar da boa vontade de alguns deputados de quererem facilitar a vida, o projeto acaba abrangendo toda uma cadeia produtiva, não seleciona empresas (que)têm restrições de atividades, um projeto genérico, ele está mal concebido na nossa avaliação e o governo do estado pretende vetá-lo assim que chegar e aportar aqui”, afirmou.
Segundo Moisés, os impactos na economia já são visíveis e que a arrecadação do estado deve diminuir cerca de 25% no estado. Ele falou sobre reuniões que têm sido feitas para pedir ao governo reposição das perdas.
“Não só com o Fundo de Participação dos Municípios, que vai repercutir, mas também com ICMS, royalts, enfim com toda a cadeia produtiva e também financiamento das empresas para que elas financiem os empregados, para que não ocorra demissões, para que elas consigam pagar as suas obrigações que vão chegando para os empresários, e nós sabemos disso”.
Ele falou ainda sobre a possibilidade de emissão de moeda e de negociações com fundos internacionais por parte do Governo Federal e de projetos que têm sido aprovados para tentar auxiliar as contas públicas durante a pandemia.
“O governo está no momento em que ele está precisando de recursos públicos inclusive para não parar setores a saúde, para que a gente possa assistir a nossa população. Então toda e qualquer a iniciativa, projeto de lei, tem que ser muito responsável, tem que ser combinada porque se não essas coisas não funcionam isoladamente”, afirmou.
Casos confirmados
Ao menos 39 cidades têm pacientes diagnosticados com Covid-19, conforme divulgado na quarta-feira (1). São elas:
- Antônio Carlos – 1
- Balneário Arroio do Silva – 1
- Balneário Camboriú – 10
- Blumenau – 22
- Braço do Norte – 12
- Brusque – 3
- Camboriú – 7
- Canelinha – 1
- Chapecó – 5
- Criciúma – 21
- Florianópolis – 60
- Gaspar – 2
- Gravatal – 3
- Içara – 1
- Imbituba – 5
- Indaial – 1
- Itajaí – 18
- Itapema – 2
- Jaguaruna – 2
- Jaraguá do Sul – 4
- Joinville – 14
- Lages – 1
- Laguna – 1
- Navegantes – 3
- Papanduva – 2
- Pescaria Brava – 1
- Pomerode – 1
- Porto Belo – 4
- Rancho Queimado – 2
- São Francisco do Sul – 1
- São José – 10
- São Lourenço do Oeste – 1
- São Ludgero – 1
- São Pedro de Alcântara – 1
- Siderópolis – 2
- Tijucas – 1
- Timbé do Sul – 1
- Tubarão – 10
- Urussanga – 1
- Outros estados – 5
- Outros países – 3
Mortes
O idoso de 86 anos que foi o primeiro paciente a morrer com diagnóstico de coronavírus morava em uma casa de repouso em Antônio Carlos, na Grande Florianópolis, e morreu no Hospital Regional de São José, na mesma região.
A segunda vítima, Mário Roberto, era diabético e foi internado em Joinville após retornar de viagem aos Estados Unidos. Ele estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Dona Helena desde o dia 24 de março e, dois dias depois, teve o diagnóstico da doença confirmado.
Fonte: G1 SC | Por Anaisa Catucci, Karollayne Rosa e Valeria Martins | Foto: NSC TV/Divulgação
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