Embora a paralisação se estenda há mais de duas semanas, a greve passou a repercutir com mais intensidade no fim de semana.
A greve nacional dos petroleiros, que chegou ao 17º dia nesta segunda-feira, 17 de fevereiro, inclui cinco cidades no Estado. Há trabalhadores paralisados nos terminais terrestres de Itajaí, Guaramirim e Biguaçu, na base administrativa de Joinville e no terminal de São Francisco do Sul, que recebe todo o petróleo que abastece os estados do Paraná e Santa Catarina.
Segundo informação do Sindipetro PR SC, sindicato que representa os petroleiros, as unidades terrestres do Estado têm em média 85% de adesão. Em São Francisco do Sul, 60% dos trabalhadores estão em greve.
Embora a paralisação se estenda há mais de duas semanas, a greve passou a repercutir com mais intensidade no fim de semana, quando a Agência Nacional do Petróleo (ANP) admitiu a possibilidade de que a greve provoque desabastecimento no país.
O diretor-geral, Décio Oddone, disse na última sexta-feira, dia 14, que a produção de petróleo e derivados não foi impactada. Mas afirmou que, “se a situação perdurar por muito tempo”, pode haver impacto. Ele não especificou qual seria o prazo limite.
Portos e aeroportos em alerta
Além dos postos de combustível, a greve preocupa portos e aeroportos. O superintendente do Porto de Itajaí, Marcelo Salles, disse que a situação é monitorada pela Secretaria Nacional de Portos, mas “há uma preocupação geral”.
Jordano Zanardi, diretor do Sindipetro PR SC, disse que a intenção do movimento não é causar desabastecimento no país.
– Desde o início da mobilização, os sindicados e a FUP (Federação Única dos Petroleiros) deixaram muito claro que o objetivo não é desabastecer o país com combustível e gás. A gente entende que a população já é bastante prejudicada com os preços. Mas não há nenhuma sinalização da empresa e do governo, nenhuma expectativa de negociação. Diante da intransigência, é difícil de segurar que falte – afirmou, na manhã desta segunda-feira.
O efetivo está reduzido em 56 plataformas, 12 refinarias e 20 terminais. Uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST), confirmada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, determina que 90% dos petroleiros permaneçam trabalhando durante a greve. A Petrobras alega que a ordem judicial não é cumprida pelos trabalhadores.
Demissões e privatização
A paralisação foi motivada pela determinação da empresa de demitir cerca de mil funcionários de uma indústria de fertilizantes localizada em Araucária (PR). Os petroleiros alegam que a Petrobras desrespeita o acordo coletivo, que determina que demissões em grande escala devem ser precedidas de negociação com os empregados.
Segundo o diretor do Sindipetro PR SC, outras demandas são a alteração da política de preços da Petrobras, que desde o governo Temer segue a tabela cambial do dólar – o que eleva o custo ao consumidor – e a privatização dos terminais de distribuição.
– São pautas históricas. A privatização não vai gerar benefício para a população, que vai pagar cada vez mais caro, e o preço do combustível não vai mais desatrelar do dólar – afirma Zanardi.
O Sindipetro PR SC prevê uma manifestação esta semana, em Florianópolis.
Fonte: NSC | Por Dagmara Spautz | Foto: Sindipetro PR SC
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