Oferta menor e competição com o Nordeste fizeram o preço do quilo despencar no Estado.
Mesmo com o tempo um pouco mais seco que o normal e alguns casos de granizo no Estado, os produtores de cebola de Santa Catarina projetam aumento na colheita da safra 2019/2020 em comparação à última temporada. A estimativa da Epagri é de que a produção chegue a 524 mil toneladas, o que corresponde a um aumento de 7,8% frente às 485 mil toneladas do período anterior.
A área plantada em SC chegou a 18,3 mil hectares, pouco menos da safra 2018/2019, quando beirou os 19 mil hectares – só o Alto Vale do Itajaí, em especial as regiões de Ituporanga, Aurora, Imbuia Atalanta, Petrolândia, é responsável por mais da metade dessa plantação.
Mesmo com essa pequena redução no tamanho das lavouras, a tendência – conforme a Associação dos Produtores de Cebola do Estado (Aprocesc) – é de que a produtividade seja maior, com quase 29 toneladas por hectare, mais do que as 25,6 do ano anterior.
– O tempo foi um pouquinho atípico por ter sido menos chuvoso do que o normal, mas o agricultor consegue compensar com um sistema de irrigação, e assim foi possível ter uma produção boa, principalmente nas precoces (cebolas de início de safra). O granizo atrapalhou, mas foi isolado e em fim de safra, então não suficiente para comprometer a produção – explica Jelson Gesser, presidente da Aprocesc.
Preço preocupa os produtores
Se por um lado há a expectativa de produção melhor, do outro há preocupação com o preço do quilo. A competição da cebola catarinense com de outras regiões, como por exemplo do Nordeste, aliada a uma menor demanda nos mercados, fez o valor despencar no último mês.
Conforme a Aprocesc, o quilo de uma cebola de boa qualidade está na casa dos R$ 0,70, enquanto a de qualidade mediana fica em torno de R$ 0,50. Esse valor está “bem abaixo do custo de produção”, diz a associação. A estimativa é de que o preço mínimo para garantir uma boa remuneração para o agricultor seja tenha de ser entre R$ 1 e R$ 1,10.
– Há oferta de mercadoria de outras praças do Brasil, já que não é mais apenas uma região que domina o mercado. Por exemplo: historicamente o Sul mandava cebola para o Nordeste nessa época do ano, o que não ocorre mais porque estados como Bahia e Pernambuco passaram a produzir o ano todo e serem autossuficientes – explica Gesser.
O preço abaixo de custo de produção também força o agricultor de SC a estocar cebola, projetando uma melhora no valor ainda no primeiro trimestre deste ano.
– Com o preço ruim o produtor às vezes não vende tudo, só o necessário para se manter. Ele só “tapa buracos” com a expectativa de o preço melhorar – finaliza o presidente da Aprocesc.
Fonte: NSC
Foto: Salmo Duarte, BD
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