A prefeitura de Indaial encontrou uma forma de tratar o esgoto doméstico das casas afastadas do Centro, onde é mais difícil a rede chegar. Nesta quarta-feira, 24 de julho, será assinado contrato para implantar fossas ecológicas em 20 casas do bairro Encano.
É o pontapé inicial de uma proposta que deve abranger também o Warnow. A meta é alcançar todos que vivem às margens dos dois ribeirões. Para começar, o investimento é de aproximadamente R$ 100 mil, sem a necessidade de contrapartida do dono do imóvel.
O projeto Ribeirão Mais Verde é fruto de um trabalho integrado entre prefeitura, Casan, Univali e Rotary Club de Indaial, com o objetivo de preservar as duas principais bacias hidrográficas da cidade, consideradas por lei como especialmente protegidas.
Para isso, apostam na instalação de sistemas individuais de tratamento de esgoto, que na prática consistem em uma caixa de concreto de seis metros quadrados instalada em um buraco no terreno. Depois, são colocados pneus, brita e terra. Por fim, é plantado vetiver, uma espécie de capim usada para conter erosão. Concluída a obra, é só fazer a ligação com o encanamento da casa.
– É diferente do sistema comum de fossa e filtro, que trabalha simplesmente filtrando o material e o excesso é despejado no ribeirão. Então tem cerca de 60% a 70% de eficiência se estiver tudo funcionando corretamente. No caso com vetiver, o sistema radicular da planta vai até o fundo da caixa e se alimenta desse esgoto, que passa a servir de adubo. A água que tem no esgoto também sai por evapotranspiração. Só precisa cortar a planta entre três e quatro vezes ao ano e o sistema continua funcionando com 100% de eficiência – explica o engenheiro agrônomo da prefeitura de Indaial, Sérgio Feuser.
O prefeito André Moser (PSDB) justifica a implantação das fossas ecológicas pontuando a efetividade comprovada no campus da Univali – que desenvolveu os projetos para Indaial –, bem como em quatro imóveis às margens do Ribeirão Encano, onde o trabalho se deu de forma independente, sem recurso público.
Rolf Hadlich, do Rotary Club da cidade e entusiasta da iniciativa, acompanhou a implantação e compara antes e depois. Em um dos imóveis, o esgoto corria na frente das casas, no meio da rua. Um cenário diferente do que se tem hoje, com vetiver tratando os efluentes.
Na casa de Edenir Dickmann o sistema ecológico chegou há um ano. Ele custeou a instalação e garante que o investimento valeu. Apesar de a estrutura estar ao lado da casa, não tem cheiro de esgoto, garante. Além disso, a natureza é preservada.
Questionado se indicaria aos vizinhos, Dickmann afirma que sim, mas adianta que a proposta pode encontrar resistência, embora as fossas sejam instaladas apenas onde o morador concordar.
O fato de ser gratuito pode ser aspecto importante nesse contexto. O prefeito afirma ter R$ 5 milhões para investir no projeto. Como o custo médio da primeira licitação ficou em quase R$ 5 mil, significa atender mil casas.
O presidente do Rotary de Indaial, Mário Sidnei Rossi, acredita que é possível fazer mais. Ele defende que, para a segunda licitação, será possível baratear o valor unitário com doação de ferro que o clube recebeu para destinar ao projeto. Além disso, destaca o uso de peças pré-moldadas para o trabalho ser mais rápido e fácil.
– Acreditamos que é possível alcançar aproximadamente duas mil casas – afirma Rossi.
A segunda fase do projeto está programada para 2020, quando a prefeitura pretende abranger 100% das residências ribeirinhas do Encano e do Warnow.
Fonte: NSC | Por Talita Catie | Foto: Patrick Rodrigues
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