O acordo para a área de livre comércio entre os países do Mercosul e da União Europeia (UE), anunciado nesta sexta-feira, 28 de junho, representará um aumento do PIB brasileiro de US$ 87,5 bilhões em 15 anos, podendo chegar a US$ 125 bilhões se consideradas a “redução das barreiras não-tarifárias e o incremento esperado na produtividade total dos dos fatores de produção”. As projeções são do Ministério da Economia.
De acordo com a área econômica, o aumento de investimentos no Brasil, nesse mesmo período de 15 anos, será da ordem de US$ 113 bilhões por conta do acordo comercial. “Com relação ao comércio bilateral, as exportações brasileiras para a UE apresentarão quase US$ 100 bilhões de ganhos até 2035“, acrescentou a pasta em nota.
Segundo o governo federal, com o início do tratado com a UE, produtos agrícolas “de grande interesse do Brasil” terão suas tarifas “eliminadas” – é o caso de suco de laranja, frutas e café solúvel.
“Os exportadores brasileiros obterão ampliação do acesso, por meio de quotas, para carnes, açúcar e etanol, entre outros”, informou o Ministério da Economia. “As empresas brasileiras serão beneficiadas com a eliminação de tarifas na exportação de 100% dos produtos industriais. Serão, desta forma, equalizadas as condições de concorrência com outros parceiros que já possuem acordos de livre comércio com a UE.”
A área econômica informou ainda que o acordo reconhecerá como “distintivos do Brasil” vários produtos, como cachaças, queijos, vinhos e cafés, e garantirá “acesso efetivo em diversos segmentos de serviços, como comunicação, construção, distribuição, turismo, transportes e serviços profissionais e financeiros”.
Segundo o governo, empresas brasileiras obterão acesso ao mercado de licitações da UE, no que se refere a compras públicas, estimado em US$ 1,6 trilhão. “Os compromissos assumidos também vão agilizar e reduzir os custos dos trâmites de importação, exportação e trânsito de bens”, informou o ministério.
De acordo com a área econômica, o acordo propiciará um “incremento de competitividade da economia brasileira ao garantir, para os produtores nacionais, acesso a insumos de elevado teor tecnológico e com preços mais baixos”.
“A redução de barreiras e a maior segurança jurídica e transparência de regras irão facilitar a inserção do Brasil nas cadeias globais de valor, com geração de mais investimentos, emprego e renda. Os consumidores também serão beneficiados pelo acordo, com acesso a maior variedade de produtos a preços competitivos”, avaliou o Ministério da Economia.
Números do bloco econômico
O acordo entre o Mercosul e a União Europeia foi considerado um “marco histórico no relacionamento” entre os dois blocos pelo Ministério da Economia. Juntos, eles representam cerca de 25% do PIB mundial, em um mercado de 780 milhões de pessoas, informou o governo.
“Em momento de tensões e incertezas no comércio internacional, a conclusão do acordo ressalta o compromisso dos dois blocos com a abertura econômica e o fortalecimento das condições de competitividade”, acrescentou o governo federal.
A área econômica informou que o acordo comercial “constituirá uma das maiores áreas de livre comércio do mundo”.
“Pela sua importância econômica e a abrangência de suas disciplinas, é o acordo mais amplo e de maior complexidade já negociado pelo Mercosul. Cobre temas tanto tarifários quanto de natureza regulatória, como serviços, compras governamentais, facilitação de comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias e propriedade intelectual”, diz o comunicado.
De acordo com o governo, a UE é o segundo maior parceiro comercial do Mercosul e o primeiro em matéria de investimentos. Na mão oposta, o Mercosul é o oitavo principal parceiro comercial extrarregional da UE.
A corrente de comércio entre os blocos econômicos, de acordo com dados oficiais, foi de mais de US$ 90 bilhões em 2018. Já em 2017, o estoque de investimentos da UE no bloco sul-americano somou cerca de US$ 433 bilhões.
O Brasil registrou, em 2018, comércio de US$ 76 bilhões com a UE e superávit de US$ 7 bilhões. O Brasil exportou mais de US$ 42 bilhões, o que representa aproximadamente 18% do total exportado pelo país.
Por fim, o governo informou que o Brasil “destaca-se como o maior destino do investimento externo direto (IED) dos países da UE na América Latina, com quase metade do estoque de investimentos na região”.
Fonte: G1 | Por Alexandro Martello |
Sugestão de pauta