A saída dos profissionais cubanos no programa Mais Médicos, em novembro de 2018, deixou uma lacuna difícil de ser preenchida em Santa Catarina. É o que aponta a Secretaria de Estado da Saúde ao confirmar que existem 135 vagas abertas em 84 municípios. Apesar da tentativa de contratar novos profissionais, o elevado percentual de desistência dos candidatos preocupa autoridades e entidades representativas do setor.
Duas tentativas de repor os profissionais foram feitas. O edital lançado ano passado pelo Ministério da Saúde, depois da saída dos cubanos, reuniu interessados em ocupar 258 vagas em 143 cidades catarinenses. Entretanto, a Comissão de Coordenação Estadual do Programa em SC aponta que 21,7% dos médicos selecionados desistiram de assumir os postos entre janeiro e março deste ano – índice 6,7% acima da média nacional. No momento, existem seis vagas em aberto para o programa. As inscrições se encerram nesta terça-feira e, segundo o governo federal, buscam atender municípios catarinenses com altos índices de vulnerabilidade social. É o caso de Água Doce, Campo Erê, Lebon Régis, Major Vieira, Presidente Nereu e Vitor Meirelles.
Municípios pedem Socorro
Urussanga, uma das cidades com reposição prevista de uma vaga no edital do Ministério da Saúde, tem 21.177 habitantes e conta com três Unidades Básicas de Saúde (UBS). A prefeitura do município diz que está sem médicos do programa desde fevereiro, por isso, está realocando outros profissionais para atender a demanda, o que tem aumentado consideravelmente o tempo de espera por atendimento.
A situação é semelhante nas outras cinco cidades catarinenses. Todas estão fazendo rodízio para cobrir a necessidade até chegada dos selecionados neste edital. Enquanto isso não acontece, em Água Doce, por exemplo, as 1,9 mil pessoas do assentamento Sem Terra para onde o médico deve ser designado precisam percorrer 20 quilômetros para conseguir atendimento no Centro da cidade. Esta é a realidade desde janeiro, quando a médica brasileira contratada para substituir o profissional cubano desistiu do posto após três meses de trabalho.
– A cidade está no programa há quatro anos. Para sermos contemplados neste edital, enviamos um documento para justificar a necessidade do profissional. O município não teria como arcar com os custos desta UBS, que na época foi construída justamente para receber profissionais do programa – explica Jaqueline Terezinha da Silva, coordenadora de Atenção Básica do município.
No Sul, cidades como Içara, Balneário Rincão e Urussanga endossam as estatísticas. Médicos deixaram os postos de trabalhos em dois meses de atuação, apesar do contrato ser de três anos de permanência.
Contraponto
Em nota, o Ministério da Saúde informou que não tem conhecimento sobre os documentos encaminhados pelas entidades catarinenses e que não foi notificado sobre o processo aberto pelo MPF em Santa Catarina. A pasta ainda afirmou que há um edital em aberto, publicado em 13 de maio, para preencher aproximadamente 2 mil vagas em 790 municípios em todo o país.
Fonte: NSC | Por Camila Levien | Foto: André Avila/Agência RBS
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