A hipertensão é uma doença silenciosa, classificada por médicos como assintomática por não demonstrar sinais quando começa a afetar o paciente. Sem alarde, a enfermidade atingiu mais pessoas ao longo dos últimos dez anos e o número de mortes praticamente dobrou em Santa Catarina, passando de 830 em 2006, para 1.657 em 2016. Os dados estão no relatório mais recente disponível no DataSUS, do Ministério da Saúde.
O crescimento de óbitos causados por hipertensão também ocorre no Vale do Itajaí. A mortalidade aumentou 46% no período de dez anos em Blumenau. Se em 2006 foram 50 registros de morte pela doença, em 2016 cresceu para 73 pessoas, maior número do município na série histórica do DataSUS e o terceiro maior de Santa Catarina naquele ano — atrás apenas de Lages (102) e Joinville (95).
Gaspar teve aumento ainda mais representativo. Após registrar apenas uma morte por hipertensão em 2006, em dez anos o número cresceu para 11. A mortalidade da doença em Indaial e Timbó triplicou, passando de 10 e seis óbitos para, respectivamente, 31 e 20 em 2016. Já Pomerode teve crescimento de cinco para 12 mortes nesse período.
O perigo das doenças hipertensivas é que, além das complicações da própria patologia, há risco de afetar outros órgãos do corpo. O cardiologista Siegmar Starke, que também atua como professor na Furb, explica que a doença pode provocar insuficiência cardíaca, enfarte agudo, insuficiência renal, arritmia, acidente vascular cerebral, fibrilação atrial e quadro demencial (diferente de Alzheimer).
— A hipertensão arterial é causa de doença cardíaca que mais pode se prevenir, mas isso não acontece. Apenas 25% a 30% das pessoas que estão em tratamento o fazem de forma adequada, o que consiste em adotar estilo de vida mais saudável e quase sempre fazer uso de medicamento — explica Starke.
Hipertensão é a principal causa de AVC
Além das doenças cardíacas, a hipertensão é o principal fator que provoca o Acidente Vascular Cerebral (AVC), uma das maiores causas de morte no país. O neurologista Marcus Vitor Oliveira explica que o risco é 30% maior em pessoas hipertensas que não fazem tratamento, o que pode gerar incapacidade e até morte. O perigo também aumenta duas vezes a cada 10 mmhg de mercúrio de aumento da pressão arterial — quando passa, por exemplo, de 14,9 para 15,9.
— A hipertensão arterial mal controlada favorece um sistema chamado de aterosclerose, que é a obstrução da artéria por placas de gordura. O endurecimento dessas artérias ao longo do tempo faz com que o processo de hipertensão continue sem controle, favorecendo a obstrução gradativa e a possibilidade de ruptura dessas artérias, o que causa o AVC — explica o neurologista.
Como diagnosticar:
A hipertensão não apresenta sintomas visíveis. Um alerta é quando a medição está acima de 13,5/8,5 em estado de repouso. Outro indicativo é genético: quando o pai e a mãe são hipertensos, a possibilidade de ter a doença é de 50%.
Como prevenir:
- – Medir a pressão periodicamente em repouso;
- – Fazer atividades físicas regularmente;
- – Manter peso adequado;
- – Manter horário de sono constante;
- – Criar uma dieta adequada, evitando alimentos industrializados;
- – Evitar ingestão excessiva de sal;
- – Evitar álcool em excesso;
- – Não fumar.
Fonte: NSC | Por Gabriel Lima | Foto: Nathan Neumann
Sugestão de pauta