Ainda recente no país e inédita em Santa Catarina, a cirurgia para implantar uma prótese auditiva interna foi executada pela primeira vez em Blumenau na última semana, no Hospital Santa Isabel. O equipamento é diferente do aparelho convencional porque não tem peças externas, sendo totalmente inserido por baixo da pele do paciente durante a operação. Dessa forma, é possível fazer atividades aquáticas ou dormir ouvindo normalmente.
Responsável pela primeira cirurgia com o equipamento no Estado, o otorrinolaringologista Tobias Torres explica que o aparelho é dividido em quatro partes. O microfone fica perto da superfície e faz a captação do som, que é processado pela parte eletrônica da prótese. A informação é levada por um cabo até a peça usada para vibrar os ossos do ouvido, criando uma onda mecânica que chega com energia ao órgão e estimula as células.
A última peça é a bateria, que garante o funcionamento do aparelho e precisa ser recarregada todos os dias. O procedimento é semelhante ao de um celular: conecta-se um carregador externo na tomada elétrica. A diferença é que a ponta do cabo é um ímã, o qual deve ser colocado sobre a prótese por cerca de 40 minutos diários para que o equipamento continue a ser utilizado.
Outra especificidade é o uso de um controle remoto para regular e ligar o aparelho. Assim, pode-se aumentar ou diminuir a potência, alterar o ajuste de alguns programas dependendo do ambiente e fazer um ajuste fino para situações específicas. Ao dormir, por exemplo, o usuário pode optar por diminuir a intensidade do aparelho para não atrapalhar o sono.
— O grande diferencial é o fato de ser totalmente implantável. As outras próteses sempre têm um componente interno, que é colocado na cirurgia, e um externo, que é a parte de microfone, a qual recebe o som. Nesse caso, tudo fica por baixo da pele, nada é visível. Então todas as atividades que antes tinham restrição aos aparelhos convencionais, não precisam ser evitadas com essa prótese — destaca.
APARELHO AINDA É RESTRITO
Nem todos podem utilizá-lo. Torres afirma que a prótese é indicada apenas para situações específicas, como quando os pacientes não podem ou não conseguiram se adaptar ao aparelho convencional. A recomendação por essa tecnologia também é feita quando envolve profissionais que não podem usar peças externas, como salva-vidas, policiais ou nadadores.
O aparelho também não é recomendado para pacientes com perda profunda de audição. Como tem potência limitada, a capacidade de reabilitação dessa prótese não é suficiente para quem tem lesões mais graves. Nesses casos, a indicação dos médicos é por outro procedimento, o implante coclear.
Planos de saúde cobrem a cirurgia, desde que o paciente esteja dentro dos critérios para colocar a prótese. O procedimento não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
O implante feito no dia 18 de abril foi o primeiro desse equipamento em Santa Catarina. O primeiro procedimento nacional com essa prótese foi em São Paulo, em fevereiro de 2012. Desde então, cerca de 50 cirurgias semelhantes foram feitas em todo o Brasil. Na Europa, a tecnologia é utilizada desde 2008.
Fonte: nsc/Por Gabriel Lima | Foto: Leo Laps
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