O cenário ainda é de devastação para moradores da Vila Freitas em Guaramirim, com terra desmoronada por cima das casas e restos de entulho. A comunidade teve, pelo menos, 10 residências diretamente atingidas pelo deslizamento da SC-108, em 17 de fevereiro, que deixou a rodovia interditada. Depois que a onda de lama atingiu os imóveis, há quase 40 dias, tanto a população quanto a prefeitura aguardam retorno do Estado sobre a recuperação do trecho.
— Já deveria ter uma resposta concreta para a gente, mas o município diz que é o Estado, já o Estado fala que é responsabilidade da prefeitura. Está uma situação que ninguém está entendendo mais nada por aqui — diz o pedreiro Leandro Chiller.
A Defesa Civil municipal informou que não houve alteração na SC-108 porque a prefeitura ainda depende da liberação de recursos para iniciar a recuperação do local. De acordo com Ezequiel de Souza, coordenador do órgão em Guaramirim, a verba deve vir pelo Estado para iniciar a obra. Entretanto, a liberação esbarra na burocracia.
— Há entraves burocráticos, já que o Tribunal de Contas não aceita que a mesma empresa faça o projeto e execute a obra. Vamos solicitar ao Tribunal de Contas da União que liberem, por conta da nossa situação de emergência, para que uma única empresa faça o projeto e realize a obra de recuperação — afirma Souza.
O valor estimado pode ficar entre R$ 4 milhões e R$ 10 milhões. A previsão é que o projeto seja dividido em duas etapas: a primeira para recuperar o solo onde ficavam as casas e depois iniciar os trabalhos na rodovia estadual. Ainda não há prazo para começar a recuperação do local.
Imóveis continuam interditados
No total, 68 residências foram interditadas pela Defesa Civil, sendo 10 que ficaram completamente soterradas e outras que estão em situação de risco. A vila é um conjunto formado por quatro ruas e suas laterais, todas sem saída. Há asfaltamento novo e casas recém-construídas. Mesmo que exista a orientação de não habitar os imóveis, nem todas as famílias conseguem deixar os locais.
— Algumas pessoas entram nas casas, roubam e acabam com tudo. Do pouco que sobrou, eles vêm e levam embora — conta a moradora Patrícia de Freitas.
A costureira é uma das pessoas que não deixa a moradia sozinha, principalmente à noite, com receio de perder o que a enchente e o deslizamento não destruíram. Das 68 famílias, 30 foram para o programa de aluguel social da prefeitura. Já o restante estão em casas de parentes e amigos ou não se enquadraram na assistência.
A cidade decretou a situação de emergência, em 18 de fevereiro. O documento foi reconhecido pela Defesa Civil estadual três dias depois, mas ainda precisa da análise federal. Após a homologação, será possível elaborar planos de trabalho e postergação de impostos e liberação do FGTS aos atingidos.
Audiência debate recuperação
Na noite de segunda-feira, foi feita uma audiência pública na Câmara de Vereadores com a população sobre a recuperação da rodovia. Na reunião, foram debatidas as melhorias no local, segurança dos imóveis interditados, cobrança de IPTU e outros auxílios prestados aos moradores.
O secretário de Estado da Infraestrutura, Carlos Hassler, explicou que as ações para reconstrução estão sendo feitas em paralelo entre a Infraestrutura e a Defesa Civil para que não se perca tempo. Ele disse que orçamento gira em torno de R$ 3,5 milhões e a previsão dada é de que em 60 a 90 dias a obra tenha início. Segundo o prefeito, Luis Antonio Chiodini (PP), o encontro serviu para mostrar que o município e o Estado estão unindo forças para resolver a situação o quanto antes.
— Estamos cobrando a todo momento um retorno estadual sobre prazos e cronograma, mas sabemos que os trâmites são demorados — disse.
Fonte: nsc/Por Gabriela Florêncio | Foto: Salmo Duarte
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