A vida do empresário Antônio Nunes, 35 anos, teve uma mudança significativa desde a quinta-feira da semana passada, após uma viagem ao Paraná, quando se viu protagonizando aquelas histórias improváveis, dignas de novelas: descobriu que um dos funcionários da empresa que ele administra era o irmão mais novo, desaparecido há mais de 30 anos.
Segundo Tonho, como o empresário é conhecido, a mãe deles teve três filhos na década de 1980, mas a mulher não tinha condições de cuidar das crianças e as colocou para a adoção. Tonho, por ser o mais velho ficou com a avó. Logo depois veio Jefferson, o segundo filho, que foi adotado por outra família. E mais tarde, quando nasceu o terceiro filho, a criança também foi adotada.
Tonho encontrou Jefferson há mais ou menos três anos, pois a família que o adotou sabia da história que havia se passado e sabia onde encontrar o irmão mais velho. Os dois então começaram a procurar pelo irmão mais novo, que nunca haviam conhecido. Tentaram procurar através do poder público, mas sem resultados. O que se sabia até então era que o caçula havia sido adotado por intermédio de uma cabeleireira, que na época trabalhava na antiga rodoviária, no Centro. Os irmãos foram atrás da mulher e ela disse que não sabia do paradeiro do rapaz, mas que havia encontrado ele em um domingo de eleição no Cedup Hermann Hering, no bairro Escola Agrícola.
Antônio tem uma revendedora de gás, no bairro Velha. Ele diz que costumava fazer entregas de gás em uma empresa e que o conferente era Maicon Luciani. Por conta da relação comercial, os dois acabaram ficando amigos. No fim de 2018, Tonho viu através do Fecebook que o amigo Maicon estava desempregado e havia postado um currículo na esperança de conseguir uma recolocação no mercado de trabalho. O empresário então ofertou uma vaga na distribuidora de gás e Maicon começou a trabalhar com o amigo em janeiro deste ano.
O destino conspirou e na semana passada, o motorista da empresa que trazia as cargas de gás do Paraná pediu demissão e Tonho precisou buscar um funcionário no estado vizinho. Como costuma fazer com todo funcionário novo, Tonho levou Maicon junto para conhecer o processo de envasamento o local onde a empresa pega os botijões de gás.
Durante a longa viagem, o empresário notou que o funcionário novo tinha um cacoete parecido com o de um tio. Maicon pegava no sono sem perceber. Tonho chegou até chamar a atenção do funcionário, alertando que ele poderia se machucar com isso. O papo foi se desenrolado e na volta, Maicon comentou que seu sobrenome era Nunes, antes de ser adotado e logo depois veio a constatação: Tonho havia descoberto que o funcionário, que trabalhava com ele há dois meses, era o irmão mais novo que tanto procurava.
– Na hora que ele falou isso, eu olhei para o outro funcionário, Fábio Riffel, que já sabia da história e ficamos atentos. Ele continuou a falar que o nome da mãe biológica dele era Sulimar e que havia sido adotado através de uma cabeleireira que trabalhava na rodoviária. Aí eu perguntei: “O nome do teu pai não era João?” Ele disse: “Sim”. Eu perguntei: “Tu encontrou a cabeleireira no dia da eleição no Cedup?” Ele disse: “sim”. Aí eu falei: “Gordo, tu és o meu irmão” aí a história fechou – conta Tonho com uma alegria contagiante.
Tonho conta ainda que o funcionário/irmão não acreditou que aquilo era verdade e só se deu conta realmente quando as informações passadas pelo empresário bateram.
– Tão perto e ao mesmo tempo tão longe. É estranha a sensação. Moramos sempre em bairros vizinhos, eu sempre procurando e nunca havia passado na minha cabeça que o cara estava do meu lado – comenta Tonho, sobre o fato de os dois morarem a menos de cinco quilômetros a vida inteira.
Fonte: nsc/Por Nathan Neumann | Foto: Antônio Nunes
Sugestão de pauta